
Antes deste almoço, Ignez tinha recordado que seu primeiro contato com os castelhanos foi com a família Olivera, que veraneava na casa do lado. Meses antes de completar 5 anos, Ignez ouviu de uma das vizinhas o convite "Querés jugar?", e saiu correndo de medo, perguntar à mãe o que significava aquilo. Então, a mãe com todo carinho explicou: "Sua boba, ela quer brincar contigo". A menina começou aí uma amizade que duraria para sempre, mas que seria bloqueada 9 anos depois, com o fim dos veraneios na praia. Durante toda a vida, Ignez buscou o contato com os castelhanos, em sucessivas viagens aos países vizinhos (sua forma de retornar àquela época, infringindo a proibição de voltar).
Em pleno almoço, Ignez comentou a Maria Eliana que só havia voltado ao Hermenegildo uma vez, com a tia Marília (nenhum de nós sabia), em ano que não especificou, e que tinha ficado chocada com as mudanças no lugar. Só o fato de recordar aquele momento a deixava tão angustiada que ela disse que nem gostava de falar nisso. Foi quando não conseguiu mais segurar as lágrimas, por uns segundos.

Após o lançamento, é a segunda pessoa que sabemos ser tocada por grande emoção devido ao tema do livro. A outra foi Leda Borges, que sem conhecer o Hermenegildo pôde lembrar de sua própria infância. Sessenta anos depois, os sentimentos seguem existindo e precisando de cuidado. Não os ignoremos nem os reprimamos. Vamos ao Hermenegildo?
Um comentário:
Que texto bonito, Francisco ...
Não estava errada quando "simpatizava" contigo imaginando ser teu pai ... Pareces ter uma vivência interior de um "velho e profundo conhecedor das coisas da vida" ... e dos sentimentos humanos ...
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