Iniciamos este blog em outubro de 2008, para divulgar o lançamento do livro de Francisco Dias da Costa Vidal sobre suas memórias da Praia do Hermenegildo. Mas continuaremos contando sobre nossos passeios, nossas experiências, nossas artes, e as novidades do nosso Planeta. Convidamos a todos os amigos a participarem e assim, continuarem a fazer parte da nossa história! Sejam Bem-vindos!

sábado, 13 de novembro de 2010

Chile...o retorno com sabor a empanada!


Foto - Puerto Mont, no Mercado de Angelmó - comida, música e muitas alegria.


Escolhi este título por que foi uma frase repetida por lá - sabor a empanada!

Tudo estava em torno da volta, do retorno, das lembranças...tudo misturado com as expectativas.

Havia 10 anos que não voltava ao Chile. Desta vez, faria exatamente o mesmo itinerário de anos anteriores.
Exatamente o mesmo? Impossível. Para quê, não é?

Muitas coisas, desta vez, haviam de diferente. Creio que muitas...confesso, quase todas. Nada era igual como antes.
1° - eu estaria partindo do Rio de Janeiro (calor, praia, turismo...), e não mais do sul do Brasil (frio, serra...). Isso me daria um outro olhar.

2° - os Papis estariam lá e o Tonico, meu irmão mais velho, não (já teria voltado ao Brasil).

3° - estariam os Deweys, casal de norte-americanos pais do Tom. Isso acabou fazendo da viagem, um roteiro “completamente” diferente.

Aliás, seria (e foi) um prazer participar dessa nova aventura pelo mundo e participar da 5ª viagem do quarteto.

Pois isso, reservei minhas férias para passear com eles.
Em outras palavras, eu queria me divertir.
Esse foi meu intuito: relaxar, esquecer do trabalho, pensar outras coisas, ver outro mundo, sentir outros cheiros...de uma nova forma.

Mas não posso esquecer que minha ida se deu a uma vontade interna enorme de rever a Nanita e o Toño, meus tios.

Depois da doença pulmonar da Nanita, comecei a ligar a Santiago com maior freqüência. Imaginei e senti que precisaria conversar com a Nanita pessoalmente e vê-la de perto. Adoro suas conversas, suas histórias de bastidores, seus comentários e sua paciência de ouvir, sua vontade de participar, de comentar sobre minhas histórias, dizer frases de efeito e rir comigo.

Até que eu estivesse com a passagem na mão, ela não acreditava que eu estaria com ela em algumas horas.

Por outro lado, me senti em dívida com o Toño que tantas vezes me disse ao telefone: “mi querida sobrina, estaremos aqui esperándote; esta es tu casa cuando la necesites; esperamos que vengas pronto”. Queria muito vê-lo.

Mas não posso esquecer dos imensos favores e gentilezas que os Deweys me fizeram quando estive na Califórnia. Acho que essa era outra dívida: a retribuição. No momento em que eu tinha decidido ir ao Chile e participar das aventuras deles, liguei para Orinda, para comunicar-lhes minha alegria. Acho que num primeiro momento, ficaram um pouco assustados. Afinal, o que eu faria no meio deles. Mas durante a viagem, eles me deram a grande tarefa de ser a “navegadora” do motorista Brad. Assumi com todo meu coração.

Num determinado momento, a Carol me disse: “estamos muitos felizes de que tu estejas aqui conosco; se é que tu ainda não o saibas; estamos muito, muito felizes”, me dando batidinhas nas costas.

Então, o retorno ao “país das maravilhas”, das paisagens, das águas termais, dos mapuches, das feirantes de rua, dos peixes, dos vinhos e vinhedos, do mar, das montanhas e “cerros”, das estradas perfeitas, das surpresas, de Doñihue, dos “pasteles de choclo”, do artesanato, das empanadas, dos mercados municipais, dos festivais de Viña, dos ponchos, dos “duraznos”, do cobre, dos rios, das corredeiras, do lapislazuli, dos vulcões e lagos, do pisco, dos colonos, espanhóis, alemães, índios...ufa!...e como se tudo isso não bastasse, o país de Pablo Neruda e Gabriela Mistral.

Era lá que eu tinha escolhido estar, depois de tantos anos.

E lá consegui esquecer de tudo.

Quando retornei ao trabalho, me perguntaram se tinha descansado. Foi impossível dizer que sim. Eu estava exausta! Eu estava meio hipnotizada e desnorteada. O corpo estava cansado de ver tantas coisas, de conversar com tantas pessoas, de variar tanto as imagens que se apresentavam na minha frente a cada dia.

Cada anoitecer guardava uma surpresa para o dia seguinte. As novidades se desvendavam a cada momento. Cada cidade guardava seu encanto. O que estava planejado , não era exatamente o que ia acontecer: tudo vinha enriquecido da humanidade e das imagens que até hoje me vem à mente.



Foto - Mercado de Santiago, passeio obrigatório.

O roteiro foi intenso, desde Santiago, a Viña del Mar, Valparaíso (por três dias) e logo depois mais de 1000km vencidos até o sul: de trem até Temuco e de carro até Puerto Mont, atravessando as terras de Pucón, Villarica, Valdivia, Termas de Puyehue e Puerto Varas.

A natureza nos deu presentes como o de Puerto Varas na última noite no Chile para os Deweys: um anoitecer de lua cheia, fazendo um “desfile” por cima do Vulcán Osorno e brilhando no Lago Llanquihue. Para encerrar essa noite magnífica, cantei aos Deweys “Si vas para Chile” traduzindo cada palavra, em homenagem a eles.



Foto - Puerto Varas, no sul, no último dia no Chile. Eu seguiria a Santiago dois dias depois.

Acabamos todos emocionados. Lembrei que tínhamos passados por todos aqueles lugares que a canção mencionava e que agora eles a compreenderiam melhor. Minha primeira frase logo após eles terem aterrizado no Chile foi “You will love Chile!”. Senti que eles ficaram surpresos, como quem quer dizer “como ela nos diz isso com tanta certeza?”.

E vou terminar esta narrativa dizendo que tive um privilégio que poucos tiveram: comi a empanada mais suculenta, macia, perfumada e saborosa de toda minha vida – A empanada da Nanita!
Fiquem com esse sabor, que eu sei que todos um dia já sentiram e fazem questão de não esquecer.

Ana Teresa – 11.Março.05

Foto - Feira do bairro perto da casa de minha tia - passeio obrigatório, mas naquele dia ela teve companhia. O Chile é o país das frutas grandes e saborosas.


Foto - Forno de barro e as famosas empanadas legírimas chilenas na Feira do Dominicos.


Foto - em Santiago, o Mercado - merece uma visita especial com almoço típico. Muitos frutos do mar, algas e peixes


Foto - Ainda no Mercado, comprando azeitonas pretas, as mais macias e saborosas que já comi. Encomenda especial da minha tia.


Foto - Em Doñihue, terra natal dos meus avós, minha tia colhendo boldo nos fundos do pátio da casa de parentes.


Foto - Sobremesa melhor não existe! A melancia chilena de sementes pretas e de "fechar o comércio" e meu pai não nega um belo pedação. É assim que os chilenos comem - um pedação.


Foto - Nueva Imperial, pertinho de Temuco. Fomos até lá para ver o CHILE Tipico - e conseguimos - na praça uma mulher com trajes indígenas da região e esta feira de flores, frutos, vegetais e queijos. Todos nos olhavam e riam porque tirávamos fotos da feira.


Foto - Puerto de Angelmó - porto, restaurantes, mercado e shopping. Lá tem um cheiro de Chile. Lá tem tudo. Lá tem música ao vivo, comida típica com os frutos do mar do sul. Tudo que a gente quiser achar de lã, ponchos, chapéus, blusões, luvas, mantas, artesanato com pedras chilenas (lapis-lazuli) e muitas coisas inesperadas acontecem.


Foto - Festança em Valdívia, regada com empanadas.

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