Iniciamos este blog em outubro de 2008, para divulgar o lançamento do livro de Francisco Dias da Costa Vidal sobre suas memórias da Praia do Hermenegildo. Mas continuaremos contando sobre nossos passeios, nossas experiências, nossas artes, e as novidades do nosso Planeta. Convidamos a todos os amigos a participarem e assim, continuarem a fazer parte da nossa história! Sejam Bem-vindos!

terça-feira, 27 de março de 2012

Medellin - Cultura e Respeito - Metrocable nas alturas (5)

Em algum momento, você deve ter ouvido no teleférico instalado em Medellin, parecido ao que instalaram no Rio, para que a população subisse os morros com menos sacrifício.
Pois é. O "MetroCable" foi nosso primeiro rumo em Medellin.

Um pouco de Medellin
Ao decidir nosso roteiro na Colômbia, escolhi Medellin. Como já contei, acabava de ler um livro de um escritor colombiano que narrava muito do que acontecia com ele e com a sua família em Medellin e nos bairros de lá. Consegui ficar muito curiosa e já me sentia integrada a cidade.
Medellin era uma curiosidade - sabia que era a capital econômica da Colômbia. Algo teria de importante. Terra "paisa" - paisanos - algo parecidos com os gauchos, pelo regionalismo, pela ânsia de independência, pelo orgulho da terra, pelos costumes típicos e muito diferentes das demais localidades - mas também pela teimosia e firmeza. Foi então que decidi ir a Medellin - 2 dias...só 2 dias..conheceríamos o máximo.
Ana Lucia, minha amiga de viagem, descobriu um hostal num bairro, aliás, o melhor bairro de medellin. Então, aproveitamos para sair para jantar por ali mesmo.
No segundo dia, cedo, saímos rumo ao centro - direto ao MetroCable.
Explico - em Medellin existe o metrô de superfície, único do país, que atravessa a cidade de norte a sul. Apesar de ser uma construção grotesca, gigante, não atrapalha em nada o visual da cidade e atravessa prédios, parques e avenidas, correndo paralelo ao rio - Rio Medellin. 
A cidade foi avistada pelos espanhóis pelo ano 1530, mas habitada por eles e por imigrantes 100 anos depois.
Apesar disso, Medellin não tem centros históricos ou prédios coloniais. É dominada por predios e parques imponentes, amplos, e de importância nacional, como o Palácio da Cultura e o Jardim Botânico, o maior do país e com o único orquidário - flor nacional.
O Presidente Uribe, entre 2002 e 2005, reduziu de 180 a 30 - por 100.000habitantes - a taxa de homicídios - taxa menor do que a nacional.
Hoje, Medellin é modelo, centro das principais universidades - com cerca de 130mil estudantes.
Ao chegarmos na cidade, o taxista nos disse - "Nós de Medellin quando caímos, nos levantamos na mesma hora". E é assim que se percebe.
O MetroCable foi uma iniciativa de integrar e priorizar a população pobre.
O médico e sanitarista Hector Abad - pai do autor do livro que li - reduziu nos anos , as taxas de mortalidade infantil e foi um dos responsáveis por ampliar a rede de saneamento da cidade, priorizando bairros da cidade.
Ali também, os catadores são organizados e tem prioridades - a cidade é "verde", cuidando do lixo, como poucas cidades da América Latina.
Por essas e outras razões, já fui com um olhar "apaixonado" pela cidade e "louca" para descorbir Medellin - a Cidade da Eterna Primavera.


Metrocable
Como contava, nossa decisão foi ir direto ao famoso metrocable.
Descemos o bairro El Poblado caminhando, onde ficamos hospedadas, rumo ao metrô de superfície. Uma boa caminhada, descendo e descendo - já que Medellin está situada em um vale - Valle de Aburrá, cortada pelo rio e pelo metrô de norte a sul. Se você não for ao norte ou ao sul, deverá obrigatoriamente subir e depois descer...subir e descer...
Em uma das estações do metrô, descemos e subimos o morro
...aliás, que morro. Fomos até o cume, onde se localiza o Parque Arví.
No trajeto, a vista da "favela" medellinense...aliás, bem organizada. E como toda, com roupas dependuradas secando ao sol forte.
Porque organizada? Nos deu a impressão, com ruas limpas por onde sobem os ônibus, os carros ou pessoas caminhando. Avistam-se casas pintadas, até com artes, desenhos, frases, figuras, ao bom estilo "expressão popular".


Mas, bem acima, nas últimas casas, onde certamente nenhum ônibus chega, as casas são precárias, isoladas do mundo, com pisos de terra e crianças brincando com carrinhos de mão,  Ali sim, a civilização não chega. Eu acho.


Lá no topo, já entrando sobre o Parque Arví, o MetroCable muda de rota e de preço, mas vale o passeio completo.


Estação do MetroCable do Parque Arví


MetroCable Estação Parque Arvi
Um pouco da história do Parque Arvi, onde foram encontrados os primeiros habitantes de Medellin


Passeio sobre o Parque
Em cima do teleférico, indo ao Parque Arví

Trabalhadores fazendo manutenção nas torres do teleférico
Um pouco mais dos bairros altos de Medellin por onde passa o MetroCable - teleférico.















Sugestão - http://www.metrodemedellin.gov.co/index.php?ption=com_content&view=article&id=61%E2%8C%A9=es


Para concluir, queria ressaltar o que vi por lá:
- a Cultura Metro
O que significa isso? A Cultura Metro é divulgada nos autofalantes do metrô e do metrocable, assim como nos ônibus de turismo da cidade. Consiste em ser uma cultura cidadã, de respeito, de preservação e consciência. Em todos os meios de transporte não é permitido comer ou beber, é obrigatório dar lugar aos mais idosos, gestantes, crianças e/ou até aos mais cansados. Não existem papéis caídos, sujeira e tudo é preservado, com a presença constante de policiais.
Conversei com algumas pessoas subindo o morro e perguntei se o metrocable, mesmo com apenas  estações, era um bom meio de transporte. Elas me disseram que sim, porque não tinham como chegar em casa em menos de 2 horas. Mesmo com poucas estações, "agora é só descer na melhor estação e caminhar um pouco. É muito rápido" me disseram elas.

Ao subir no ônibus de turismo, fui barrada pela guia de turismo por ter uma garrafa de bebida na mão - "tome cuidado", ela me disse. 


A cultura e o respeito fazem cidadão e fazem o governo. 
É só querer.



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