Iniciamos este blog em outubro de 2008, para divulgar o lançamento do livro de Francisco Dias da Costa Vidal sobre suas memórias da Praia do Hermenegildo. Mas continuaremos contando sobre nossos passeios, nossas experiências, nossas artes, e as novidades do nosso Planeta. Convidamos a todos os amigos a participarem e assim, continuarem a fazer parte da nossa história! Sejam Bem-vindos!

domingo, 30 de outubro de 2011

Série Caux - Pessoas do Mundo (2)

Congresso de Caux, Montreux, Suiça



2. - Pessoas no Mundo - Caux - Agosto de 2003

Sentada no gramado na frente da Casa da Montanha - antigo hotel (1906), que também serviu como refúgio de judeus no final da 2ªGuerra Mundial e hoje administrado pelo IofC e hotel de ensino de gastronimia.
A pedidos, resolvi continuar meu seriado de historinhas de Caux, minha viagem à Suiça.


Agora, em pleno ventoso outubro, em Macaé, me sentindo melhor no trabalho e nesta cidade diferente, com ajuda do meu computador, refresco minha memória dos bons moemntos em Caux.


Pretendo não ser longa, mas confesso que não consigo. Vou escrevendo, escrevendo, tudo que lembro em detalhes. Fico imaginando como teria sido se nossos antecessores como a Tia Marília, tivessem deixado algo no papel. Além disso, nada melhor do que a própria pessoa, de próprio punho (ou de próprio teclado) contar suas aventuras.


E como ainda estou “peguando o gosto pela coisa”, dedico aos nossos precedentes, minhas mais nobres lembranças. Nada se compara ao ponto de vista dos aventureiros. Foi só o Tonico insitir, que recomecei. Desta vez, contarei sobre a riqueza humana que vi por lá, que encontrei, que conversei e que hoje fazem parte da minha vida.

 
Sobre la “Casa de la Montaña”


Não sei se todos sabem, Caux é uma pequena localidade nas encostas dos Alpes suiços, desde onde se enxerga Montreux, as montanhas e o Lago Genebra. Num lugar incrível que me fez lembrar aqueles postais que a Tia Marília mandava. Nunca imaginei poder percorrer aqueles lugares maravilhoso que a Mana e o Baia também percorreram. A Suiça é só para os olhos de quem sabe observar com profundidade.  





Incrivel vista de Caux e do Lago Genebra vista desde Roche de Naye (pista de esqui), 1000metros acima do Lago
Quando estava lá, o Baia me disse que fizesse o trajeto de Montreux a Berna de trem. Quando se vai ao norte, os Alpes vão ficando a pra trás. Quando se volta ao sul, as montanhas vão se aproximando. Não fiz esse roteiro de trem, mas o fiz de ônibus. Sem dúvida, uma imagem inesquecível.

Vista de Caux. Lá, Lago Genebra, Montreux, Vevey e demais localidades
Naquele panorama lindo, é que está a “Casa da Montanha”, onde a Mana também esteve em 1999, junto com o elenco.

Na parte superior do morro, a Casa da Montanha na localidade de Caux, vista desde Montreux.
Numa época de muito seca na Europa, sem chuvas, o verde característico não existia e picos das montanhas tinham pouquíssimas manchas de neves. Lá, vivi um dos melhores momentos da minha vida. Tive encontro e ouvi histórias inesquecíveis. Há 50 anos esses encontros acontecem em Caux e talvez por isso aquele lugar seja tão encantado.
 São testemunhos de mudanças nos rumos da história do mundo. Lá se encontram pessoas, aleatoriamente escolhidas pelas mãos de Deus. Como eu, aceitam convites de quem já esteve por lá.


Então, imaginaram a mistura de gente que se encontra por lá!


E essa riqueza que quero deixar registrada. Riqueza de pessoas de quase 70 países.


Na equipe de trabalho “Azul” que participamos, encarregada do preparo do café da manhã e que se reunia para debates após as palestras, estreitávamos os laços de amizade com outros participantes. Só ali, eram 16 países. E para conversar sobre a “Paz”, pessoas de países em conflito: palestinos, israelitas, liberianos, nigerianos, não importa....raças, crenças, idiomas.... brancos, pretos, judeus, cristãos, muçulmanos, aborígenes, colonizadores, "colonizados"...todos se encontram em Caux.
À esquerda, muçulmana e euma das poucas pedagogas no goberno no Iraque e à direita líder africana e coordenadora do congresso, comigo e Killy (Guatemala)


Vamos lá, então....quero dividir algumas dessa figuras com todos para que tenham uma idéia do por quê ter voltado diferente de lá.



1. Os músicos do Mundo


Em Caux, se tem uma boa oportunidade para fazer as riquezas das pessoas virem à tona. As oportunidade artística acontece para abrilhantar os dias e as noites do congresso.


Nós tivemos a oportunidade de cantar em várias oportunidades, representanto o continente latinoamericano. Numa delas “Solo le pido a Dios” (Argentina, de León Gieco).


Christopher (no piano), Stella, April, Karen e eu cantando "Solo le pido a Dios"


Durante o jantar descobrimos que não tínhamos o violão para cantar. Então, pedimos para o Christopher Lancaster (Austrália) para que nos ajudasse com seus talentos no piano. Ele faz parte da família mais musical de Caux e mais conhecida. Sempre estão por lá. Durante o jantar, também convidamos a Stella (Moldávia), a April (USA) e a Karen (USA) que além de fazer a segunda voz, tocou flauta doce.


Éramos quase 4 continentes e durante o ensaio, nos emocionamos com a facilidade de juntar pessoas de lugares tão longínquos e em tão pouco tempo, montar uma música desconhecida pela maioria, num idioma que não era nosso.


Como a música pode unir as pessoas! Como a música pode quebrar as diferenças!

Sérgio e eu ensaiando "Cambia, todo cambia".
Num congresso onde as pessoas vão para encontrar a Paz e reconstruí-la, a música vinha de encontro às necessidades. Emocionou a todos, inclusive a nós, quando cantamos na sala de conferências. 2. O palestino que surpreendeu
As africanas cantando são inesquecíveis.



Kamal é um jordaniano, exilado no Qatar que tem ido a Caux há vários anos. Teve que se mudar por causa da violência e da trágica morte de seu primo. No Qatar, ele trabalha como engenheiro civil numa grande construtora.


Ele participou de nossa equipe Azul, do café da manhã. Sem saber o que fazer na cozinha ajudei a que ele se integrasse a equipe. Mas durante o café da manhã, ele começou a comer os cereais do balcão, com as mãos. Achei aquilo estranho, pouco higiênico e não me contive: “Kamal, você está com fome?” “Não!”, me respondeu. “Você não pode comer aqui na frente os cereais que são para as pessoas comerem e muito menos com as mãos”. Como havia um fiscal da saúde na casa expliquei o porquê da minha preocupação. Fui buscar um copo de suco e lhe ofereci:”tome suco, mas não coma cereais aqui na frente!”

Eu arrumando o serviço do café da manhã
Que atrevimento o meu, não!!! Nem sabia quem era ele!!! Podia ser algum ministro, algum general, algum ex-guerilheiro. Ele não se ofendeu e até brincou com aquilo dizendo que estava “degustando”. Afinal o clima era de cordialidade e todos estávamos ali para ajudar, ainda sem saber bem a melhor forma de como fazê-lo.



O Kamal, naquele dia, disse que precisava sair mais cedo e nos deixou trabalhando, terminando o serviço de limpeza. . Achei muito ruim por que estávamos em poucos. Mas...fazer o quê? Fui para a máquina de lavar pratos com nosso amigo tailandês, Preecha, e trabalhamos pelos outros.


Meus amigos na "máquina de lavar pratos" e eu tirando foto!
Mas, quando eu chegava no salão de conferências, tive uma enorme surpresa: o palestino estava tocando piano para todos, dando um show de arte. Tocava músicas iraquianas e árabes, além de um improviso. Confesso que nunca vi uma música tocada daquele jeito: majestral.



“Ah, que horror!!!” pensei comigo. Que falta de delicadeza! Eu estava chamando a atenção de um artista profissional...ele estava lá no palco....que vergonha me veio....Acabei pedindo desculpa, mas ele nem ligou...até achou graça com meu espanto ao vê-lo tocar aquelas músicas...Ele não era nem ex-guerrilheiro, nem general...era um artista!!!


Depois descobri que Kamal toca piano profissionalmente há 15 anos. Sempre leva palestinos ao congresso com a finalidade de fazer com que eles vejam como também se luta pela Paz e tenham mais esperança no futuro.


E foi na plenaria final, que Kamal surpreendeu mais uma vez. Uma israelita pegou o microfone e pediu perdão a todos os palestinos por tantos anos de horror, guerra e sofrimento. Assim que teve a palavra, Kamal respondeu em nome dos palestinos: “Como não vou te perdoar? Eu te conheço bem e sei que falas com teu coração. E é por causa de pessoas como tu, que posso acreditar que um dia teremos nossa terra para viver em Paz. Claro que te perdoo!”

Guatemala e Brasil, Killy e eu - "Cambia, todo cambia" - música chilena
Africa e Europa juntas

O americano Zick no violão.
 
O pessoal da Jamaica fez maior sucesso dançando e cantando com uma alegria e força desconsertantes.

Líderes e governantes tocando juntos

Sabrina e sua dança moderna

Familia Ferreyra dançando chacarera argentina e afilha Mariana já animada.
5 continentes juntos e a americana Karen na flauta tocando o início da musica argentina que ensinei um dia antes.



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